Um homem jovem, de aparência nobre, sapato preto e engraxado e cabelos ligeiramente bagunçados entra no velho botequim e se senta ao balcão. Enquanto uns o encaram mal, outros nem notam sua presença. O dono do bar se aproxima pelo outro lado e diz:
- E então, o que vai querer?
- Me da um conhaque, por favor. - respondeu o homem passando a mão em seus cabelos como se estivesse exausto de alguma coisa.
Um outro senhor descompromissado se aproxima, senta-se ao seu lado e pede uma cerveja à garçonete, é servido logo, enquanto o jovem rapaz espera inquieto sua bebida. O senhor ao seu lado, vendo a agitação do rapaz, pergunta:
- Está tudo bem, meu rapaz? Posso estar velho e um pouco bêbado, mas ainda sirvo para dar bons conselhos...
- Não, não, está tudo bem!
- Aqui está sua bebida, são 4 pilas... Pague antes de ficar bêbado ou será jogado para fora como sempre acontece com o imundo aí ao seu lado. - disparou o dono do bar.
- Oh,me desculpe! Está aqui... - Respondeu o rapaz, ainda aflito tentando esquivar-se do velho senhor.
- Arg, o dono desse bar é um ogro! - disse o velho senhor - Não sei porque ainda bebo neste botequim! Mas continuando, conte-me rapaz, o que lhe aflige?
- Bom, na verdade eu estou perdido...
- Perdido? E para onde o moço ia?
- Para lugar algum!
- Para lugar algum?! E como pode isso?! Olha... Vou confessar que se eu também estivesse indo para lugar algum com certeza ficaria perdido!
- Não, o senhor não entendeu...
- Então explique para esse velho par de botas...
- Eu não me perdi de um lugar, me perdi de alguém. Entendeu?!
- Oh, sim claro... de alguém! De uma bela moça, talvez!?
- Sim, quer dizer, não...
- De um homem?! Seria seu pai? Você se perdeu de seu pai...
- Não! - interrompeu o rapaz - Não é de meu pai que me perdi ...
- Ora, esta conversa está ficando complicada de mais pra mim.Diga-me então,seja claro e direto, de quem o moço se perdeu? hein?
- De mim!
- De quem?
- De mim, de eu mesmo. Entende?
- Acho que sim, mas... Como?
- Não sei!
- Não sabe, tipo, não sabendo?!
- É... acho que sim.
- Então, quem sabe?
- Achei que o senhor, como um velho e bom conselheiro que diz ser, saberia.
- É, mas achou errado...
- Espere, aonde o senhor vai?
- Embora meu filho, embora...
- Mas...Er, não sei porque achei que alguém poderia me ajudar... Ei, garçom, mê ve outro conhaque, duplo, por favor...
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