Nos tempos em que todas as Barbies tinham um Ken, a Barbie daquela garota em especial tinha uma Suzy. Ela era apenas uma garotinha brincando de boneca com suas amigas, mas ja sentia que algo nela era diferente. Com o tempo, permitir que sua Barbie namorasse uma Suzy soava estranho, as outras meninas à tratavam com indiferença, como se ela estivesse cometendo um crime. Porém ela não queria arrumar um namorado pra sua Barbie, pois dentre tantos motivos, ela ja tinha a Suzy e elas eram felizes assim, com tudo, por medo de ficar sozinha, sem amigas, resolveu que era hora de ceder. Ela chorou, chorou muito, achou que fosse necessário e o fez. Naquela noite a pobre Suzy se misturou ao fogo da lareira e ás lágrimas da menina que pegou no sono aos soluços.
O dia amanheceu cinza, mas a garota se manteve forte e como se fosse para uma guerra (ainda que com adversário desconhecidos) ela comprou um Ken. Nos primeiros dias voltou à ser aceita no clube da luluzinha, mas aquilo começou a ficar chato, com o Ken não era a mesma coisa e as meninas ja começavam à sonhar com Ken's de verdade... Então antes que fosse excluída novamente, se excluiu.
Dias, meses, anos se passaram mas a ideia de ter uma Suzy pra sua Barbie não se foi e como quem não queria nada um sentimento de ter uma Suzy pra ela também começou a nascer e a crescer e a incomodar e a incomodar tanto que ela estava decidida à não relutar mais, resolveu quebrar as regras e ir à um lugar onde sua mãe dissera ser frequentado por pessoas estranhas sem religião. Ao chegar lá, se sentiu estranha, porque pela primeira vez na vida ela não se sentia estranha, ela estava bem. Era um lugar cheio de luzes, com música alta, onde não importava se a Suzy estava com o ken, com a Barbie ou com os dois. Pensamentos sórdidos veio em sua cabeça: O que suas velhas amigas diriam se a visse ali? O que sua mãe pensaria? Tais pensamentos se misturaram com um riso solto e um xote de tequila.
No fim da madrugada, já meio bebada, uma outra garota à reconheceu e foi falar com ela, por um instante ela sentiu medo mas... Espere! Não era uma garota qualquer, era uma de suas velhas amigas, mas não uma amiga qualquer, era a amiga que ela sempre sonhou como sua Suzy, a amiga com quem ela dançou até o sol nascer e que queria dançar por toda a eternidade. Pela primeira vez na vida ela estava feliz, ela e sua Suzy. O tempo brincou com elas e como num piscar de olhos, meses se passaram, porém ambas sabiam que embora inocente, sua felicidade era criminosa. Como suas mães reagiriam? Como seus amigos, sua famílias, os desconhecidos, como todos reagiriam? Por hora não importava... Por hora!
Numa tarde de primavera, Suzy e Barbie resolveram namorar em casa, assistir um filme, comer sorvete, fazer coisas de 'namorados' enquanto a mãe da Barbie viajava. Entre um beijos e passadas de mão o clima começou a esquentar. Uma tira a camiseta, outra o suitã, outra isso, outra aquilo... E o inevitável aconteceu, a mãe da Barbie entrou pela porta acompanhada de primos e tios que vieram passar férias em sua casa. Silêncio mórbido. "Mãe eu posso explicar..."gritou a Barbie, mas ja era tarde pra explicações. Enfurecida, a mãe de Barbie nunca havia se sentido tão humilhada, ela quebrava vasos, questionava a vida, questionava Deus, mesmo sabendo que a resposta mais sincera a menina ja tinha dado "Eu à amo, mãe. E eu nunca fui tão feliz quanto sou agora, por favor, me aceite". Apesar de ver sua filha implorar por perdão, ela não era capaz de perdoar, não era capaz de aceitar essa forma de amor, porque no fundo, ela nunca tinha conhecido o amor. Expulsou a menina de casa, como quem expulsava um cão sarnento da igreja.
Sem rumo, a Barbie só queria achar queria achar alguém que a aceitasse como ela era. A unica pessoa capaz de abraça-la nesse momento era sua pequena Suzy, mas ela também estava perdida, nessa altura todos na cidade ja sabiam. Com medo, elas tomaram a atitude mais corajosa de suas vidas, porém não a mais sensata, resolveram ceder. Naquela madrugada fazia exatamente um ano que elas haviam se conhecido. naquela madrugada elas selaram a promessa do primeiro encontro e dançaram juntas pelas eternidade.