29/09/2010

Morte

Num suspiro profundo, me afasto do chão.
Leve feito folhas de outono, voo sem direção.
Cada vez mais alto, sinto que posso tocar o céu.
A brisa é suave e faceira, ao passo que encanta, traz-me o fel.
O som das arpas ecoa na eternidade.
Da-me paz, Leva-me a dor.
Cada vez mais distante, sinto que não sei mais quem sou.
Da-me paz, Leva-me a dor.

28/09/2010

A chuva

A chuva que caia la fora era fina, mas minha mente era tomada por uma tempestade de pensamentos.
Enquanto a garoa lavava as folhas da árvore e alimentava a terra seca, eu era destruido pela força da chuva. Os raios ao passo que iluminavam meus pensamentos, me cegavam  e os ventos me tiravam do chão, me levavam pra longe de você, me levavam pra longe de mim. E eu já não sei quem sou.
Mas a mesma chuva que com suas gotas me afogou, me deu forças pra continuar. A brisa que embalava a garoa que la fora me molhava, entrou por meus poros e lavou minha alma, tirou todo meu pesar, tirou a lama e as pedras do meu caminho e me levou de volta à alguém que eu ja havia esquecido. Eu! E comigo pude te encontrar.

27/09/2010

Centrifugando um desabafo.

Com você me sinto cheio de nada, mas sem você me sinto vazio.
Você quer saber como me senti naquela noite em que te disse adeus?
Bom, eu não sei como me senti, mas sei que eu estava lá... Eu apenas abri a boca e quando me dei conta já tinha dito o que eu escondia até de mim.
Você quer saber como me senti naquela noite em que te vi partir?
Bom, eu não sei como me senti, mas sei como me sinto, e dói tanto... pois quando fecho os olhos é em você que eu penso, e as palavras que escrevo são sempre a combinação do seu nome. E a melhor parte do meu dia é quando me deito pra dormir, pois nos meus sonhos te tenho comigo e aí é só você e eu.
Você quer quer saber o que vou fazer agora, sem você?
Bom, eu também...!

05/09/2010

O conto dos Vaga-lumes.

Sofia era uma típica garota do subúrbio dos Estados Unidos. Mas o que à diferia das tantas outras garotas, eram os cabelos avermelhados e as sardas espalhadas por sua pele clara. A pequena era muito agitada! Fazia aulas de jazz as segundas, Teatro as terças e quartas, nas quintas ajudava sua mãe nos afazeres doméstico, nas sextas prestava caridade no canil da cidade e aos sábados de manhã fazia piano clássico. E meio à toda essa rotina, ela ainda arrumava tempo para ir ao bosque que ficava perto de sua casa, alias, ir ao bosque era a parte que ela mais gostava de sua rotina, e ela ia lá todos os dias.
Sofi, como chamava sua mãe, era muito sonhadora. Quando pequena, quero dizer, quando mais pequena que agora, sonhava em ser uma fada! Todas as tardes, Sofi ia ao velho bosque e ficava brincando no balanço de pneu que seu avô havia feito. Cada vez mais alto, ela se imaginava voando com os pequenos vaga-lumes que enfeitavam o anoitecer. Os Vaga-lumes era seus melhores amigos. À eles, Sofi contava todos os seus segredos, seus sonhos, seus medos. Com os Vaga-lumes ela passava as horas mais divertidas do seu dia, brincava de esconder, de inventar histórias, de contar estrelas... Certa vez, ela resolveu que queria brincar de pega-pega, mas bastou um pequeno desequilibrio para que ela acertasse em cheio um de seus amigos! Sofi parou, olhou e ficou um bom tempo o observando com os olhos esbugalhados, na esperança de que seu bum bum voltasse a piscar. Aquele, por incrível que pareça, foi um dos dias mais tristes de sua vida, ver um de seus amigos partir.
Durante muito tempo Sofia passou as tardes no bosque com seus pequenos companheiros, mas com a chegada da adolescência, dos garotos, das "coisas de meninas" e dos afazeres mais sérios, as idas de Sofia ao bosque foram se tornando cada vez mais raras, e embora ele ainda tivesse um lugar especial em seu coração e suas lembranças fossem as mais nobres possíveis, ela não era mais a mesma. Sofi estava prestes à fazer 18 anos e decidiu, junto do seus pais, que ganharia um apartamento de aniversário. A tão esperada data chegou e seus pais compraram um lindo apartamento em 500 parcelas de uma empreiteira da cidade. Sofi transbordava de felicidade, e queria contar a tamanha conquista para alguém, foi quando se lembrou de quando ganhou sua primeira bicicleta de rodinhas, ela se sentiu tão , mais tão feliz que foi correndo contar para seus amigos vaga-lumes... Lembrando disso, sendo tomada por tamanha nostagia, Sofi resolveu que era a hora de voltar ao bosque para rever seus pequenos vaga-lumes.

C O N  T  I  N U A ...

Galera, cometa aí... Se vocês curtirem eu continuo :D